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Xícara de Chá

Xícara de Chá

“Eu não fui sempre tão bonita. Vou contar a minha estória”.

Assim disse a xícara àquela senhora que a tirava delicadamente da caixa para admirá-la de perto. Era um presente do marido para comemorar os 25 anos de casamento, pois sabia do dote de colecionadora de sua esposa, e tinha certeza que ela ficaria muito feliz com um presente tão estimado.

– “Sabe, eu fui uma vez uma massa informe, comum, de barro cinzento, sem nenhuma diferença de todas as outras massas de barro. UmResultado de imagem para xicara dia fui arrancada da terra, colocada numa caixa e enviada além mar. Achei-me depois numa oficina de um oleiro. Fiquei jogada num canto no chão por um longo tempo. Um dia, o oleiro, com suas mãos fortes tirou-me do chão e começou a amassar-me. Foi muito doloroso.

Eu gritei: “Pare!” O que você está fazendo comigo? “Pare! Pare”. Mas o oleiro replicou: “Não, ainda não”.

Quando eu pensava que minha prova havia terminado, o oleiro colocou-me firmemente em uma superfície áspera. Logo, a superfície começou a girar. Eu comecei a dar voltas e voltas e fiquei tão tonta que já não podia enxergar. E fiquei enjoada, sentindo náuseas. “Pare, eu gritei, por favor, pare! Não posso suportar isto! Suas mãos estão me apertando enquanto eu giro. Por favor, estou lhe rogando, pare”. Mas o oleiro delicadamente respondeu: “Não, ainda não”.

Finalmente o giro cessou e eu me senti muito agradecida. Até que enfim, pensei, vou voltar à prateleira onde estarei a salvo. Muito curto foi o meu alivio. O oleiro pegou-me mais uma vez e colocou-me em uma superfície aquecida e áspera, fechou a porta e deixou-me ali no escuro. Logo aquele local começou a aquecer-se, cada vez mais, até tornar-se insuportavelmente quente.

“Tire-me daqui”, eu gritava ao oleiro, “eu não posso suporta o calor, está acabando comigo! Por que está me torturando assim? Suplico-lhe, tire-me daqui”. Mas o oleiro respondeu-me tranquilamente: “Não, ainda não”.

Logo a porta abriu-se e eu senti o alivio de uma brisa fria entrando. Puxa! Pelo menos isso terminou, suspirei baixinho. Mas logo senti a mão do oleiro em mim de novo.

Desta vez, sua mão segurava um pequeno objeto que, uma vez mergulhado em um liquido escuro e de forte cheiro, derramou sobre mim. Tossindo e ofegando eu gritei: “Por favor, pare com isso! Não posso suportar isso caindo em mim. Eu não posso respirar, suplico-lhe, por favor, pare”! Mas o oleiro respondeu-me: “Não, ainda não”.

Finalmente, quando o ar ficou puro, fui colocada na prateleira, assombrada pela prova pela qual havia passado e sentindo-me agradecida por haver terminado.

Ainda imersa em pensamentos, ouvi os passos do oleiro e então senti suas mãos levantando-me da prateleira e levando-me delicadamente para… Oh! Não, o forno de novo não! Oh! Não! Clamei. Por favor, por favor, não me ponha aqui de novo! Eu realmente não posso suportar isso. Por que você está me torturado assim? Por quê? Por quê?

O oleiro não deu nenhuma resposta enquanto fechava a porta do forno e o calor começava a aumentar. Dessa vez o forno foi aquecido mais do que da última vez. Eu me senti consciente de que corria perigo, mas logo o calor começou a dissipar-se e então, mais uma vez, eu senti o alívio de uma brisa fresca quando a porta do forno foi aberta e com luvas em suas mãos, o oleiro tirou-me para fora.

Fui deixada sobre a prateleira por um longo tempo, até que um dia o oleiro pegou-me e trouxe-me perto de um espelho. Quando me ergueu, ele perguntou-me o que estava vendo. Eu estava atônita, pois lá no espelho estava a mais bonita xícara de chá que eu jamais havia visto em minha vida. Ela fora tão delicada e perfeitamente trabalhada.

Fiquei sem ar por um momento. Nunca, jamais eu poderia imaginar algo tão belo diante de meus olhos e como a habilidade do oleiro pudera criar um tesouro tão delicado. Eu ia falar sobre isso quando o oleiro disse: “É você”.

Eu não podia acreditar no que meus ouvidos ouviam. “Não”, respondi “isso não sou eu. Eu sou uma massa informe de barro. Eu sei quem sou. Que crueldade a sua fazendo-me pensar que eu poderia ser algo assim tão belo!”.

– “Eu não estou enganando você” – oleiro respondeu-me delicadamente. “Isso aí é você!”

Atordoada, eu olhei para mim mesma duvidando. Eu sempre pensara de mim sendo uma massa de barro. Eu sabia quem eu era e me sentia confortável. Como poderia o Oleiro ter-me transformado em algo tão magnífico? Mas lá estava eu e agora estou aqui, na sua mão.

Fonte: Sergio Müller

Você encontrou alguma semelhança entre você e essa estória?

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Sucesso e paz.
Varekai (onde quer que seja)
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