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Terapia Cognitivo-Comportamental: mitos e verdades

Terapia Cognitivo-Comportamental: mitos e verdades

Com o objetivo de alertar os leitores e quem sabe ajudá-los a desconstruir alguns mitose concepções equivocadas, escrevo a seguir, de forma resumida, a última sessão do primeiro capítulo do livro “Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica” de Paulo Knapp & Colaboradores; Artmed, 2004”. By Maikon Michels.

1. A terapia Cognitiva é baseada no “poder do pensamento positivo”:
A TC é baseada no poder do pensamento mais realista: Uma visão irrealistamente otimista pode ser tão prejudicial quanto uma visão irrealistamente negativa. O objetivo da TCC não é o pensamento positivo, mas a correção dos pensamentos distorcidos ou disfuncionais, promovendo formas mais adaptativas de lidar com os problemas reais.

2. A teoria cognitiva de psicopatologia propõe que os pensamentos negativos distorcidos causam a psicopatologia:
Embora os pensamentos distorcidos façam parte do ciclo vicioso da psicopatologia, eles não são o único fator importante. Os desequilíbrios bioquímicos, os eventos de vida e as relações interpessoais são elementos que interagem conjugadamente, formando a psicopatologia. Os ciclos que perpetuam os transtornos podem iniciar-se em qualquer ponto, mas, uma vez iniciados, as cognições têm papel importante e provêem uma possibilidade de intervenção valiosa.

3. A terapia cognitiva é simples e apenas utiliza o senso comum:
Embora a teoria que embasa a TCC pareça bastante simples e fácil de entender, a prática da TCC é bem menos fácil.

4. A TCC convence as pessoas a sair dos seus problemas:
A TCC não comunga do estilo argumentativo utilizado no modelo racional-emotivo-comportamental de Ellis. Na TC, o terapeuta guia o paciente para que ele próprio faça descobertas, ao observar criticamente suas distorções, diminuindo, assim, suas resistências e estimulando o desenvolvimento de habilidades necessárias para futuramente analisar por si mesmo seus problemas.

5. A TC ignora as emoções:
Embora as cognições sejam o alvo principal da TC, o sucesso terapêutico é medido pela correspondente melhora na emoção e no comportamento. Por vezes, a forma mais adequada de examinar pensamentos e pelas emoções.

6. A meta da TC é eliminar as emoções:
A meta da TC é ajustar a emoção à situação e ajudar o paciente a ser capaz de lidar adaptativamente com a emoção. Na TC o objetivo é o equilíbrio emocional, não a supressão da emoção. Em muitas situações, o objetivo é regular as reações emocionais exageradas; por outro lado, em pessoas rígidas e supercontroladas, o objetivo é ajudar a pessoa a entrar em contato com suas emoções e expressá-las.

7. A TC é a aplicação de uma variedade de técnicas:
A TC desenvolveu uma variedade de técnicas específicas e também emprestou-as de outras terapias. No entanto, o profissional que focaliza apenas a aplicação de técnicas como se fosse um livro de receitas não estará sendo eficaz. O uso estratégico das intervenções terapêuticas deve estar embasado na conceitualização do caso, isto é, no entendimento cognitivo do paciente e da sua problemática específica.

8. A terapia cognitiva ignora o passado e se interessa apenas pelo presente:
É mais adequado dizer que a TC presta atenção no passado tanto quanto necessário. Sempre se investiga, na história do sujeito, quando se estabeleceu, a partir de que experiências, a forma de interpretar os eventos atuais. Entretanto, o foco não é tanto o que foi, mas o que é e o que mantém ou reforça o comportamento disfuncional.

9. A TC é superficial:
A afirmação pressupõe que a TC se ocupa apenas das cognições que estão na superfície, os pensamentos automáticos, negligenciando o tratamento das crenças subjacentes e centrais. Na verdade, a TC pode trabalhar mais na superfície ou mais profundamente, dependendo dos objetivos do indivíduo e dos problemas a serem tratados, e o paciente é quem toma a decisão final sobre o grau de mudança que quer atingir.

10. A relação terapêutica não é importante na TC:
Uma boa relação terapêutica é essencial para o trabalho colaborativo da TCC; sem ela o tratamento não acontece.

11. A TC tem um limite de 15 a 25 sessões:
Por razões metodológicas, algumas pesquisas de resultados com TC limitaram a duração do tratamento a 12 a 25 sessões. A TC tende a obter resultados terapêuticos relativamente rápidos, mas a duração do tratamento depende da natureza dos problemas do paciente e seu nível de motivação para aprofundar o entendimento de suas questões. A TC pode variar de algumas semanas até vários anos.

12. Fazer TC significa não usar medicação:
A TC é totalmente compatível com psicofármacos. Em algumas situações, o paciente só estará disponível para um tratamento cognitivo quando estiver compensado bioquimicamente, em especial em depressão grave, psicose, transtorno bipolar e até mesmo em transtornos de ansiedade mais debilitantes. A TC pode ser um complemento à psicofarmacoterapia, e vice-versa.

13. A TC é apropriada apenas para as pessoas articuladas, com boa capacidade intelectual:
A TC precisa ser desenhada para as necessidades das pessoas, e não estas encaixadas no modelo. Com pessoas não-alfabetizadas, com dificuldades de raciocínio abstrato e mesmo com disfunções cognitivas, a TC trabalha menos com intervenções puramente verbais e mais com intervenções comportamentais para atingir as mudanças desejadas.

14. A TC não é eficaz em pacientes com transtornos mentais graves:
Embora a TC tenha sido desenvolvida com pacientes ambulatoriais, ela pode ser usada de forma eficaz para pacientes com transtornos mentais graves, mesmo hospitalizados. O maior interesse de Aaron Beck, no momento, é estudar o modelo cognitivo e a eficácia de intervenções cognitivas em pacientes psicóticos.

FONTE: Maikon MichelsNeuropsicologia Joinville Blog.

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Sucesso e paz.
Varekai (onde quer que seja)
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