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Adversidade, humildade, resiliência

Adversidade, humildade, resiliência

Você já passou por adversidades? Já chegou o dia em que olhou para ver que tudo o que tinha construído tinha desabado em sua cabeça? Já sentiu-se o pior dos seres humanos? Já se sentiu abandonado por si e por Deus? Já se perguntou o que estava fazendo nesse mundo? E porque tudo dá errado? E por que… ? Por que …? Por que…?

Leia essa biografia.

Aos 8 anos de idade começou a estudar piano, e em 9 meses já vencia, com louvor, seu primeiro concurso na Sociedade Bach de São Paulo. Rapidamente desenvolveu uma carreira de pianista e tornou-se figura internacional, tocando nas principais salas de concerto do mundo, e dedicando-se quase exclusivamente às obras de Bach. Fez fama, e o mundo rendia-se ao seu talento, e estava aos seus pés, ou mais literalmente, às suas mãos.

Mas no auge… um acidente. Jogando futebol, segunda paixão depois da música, caiu sobre o próprio braço. Esse acidente lhe tirou os movimentos de uma das mãos. Um desastre para qualquer pessoa normal, mas para ele, uma verdadeira e intensa adversidade, uma verdadeira tragédia. O destino lhe tirava seu instrumento de trabalho e o afastava de sua paixão. Ele não se deu por vencido. Submeteu-se às cirurgias, dolorosas sessões de fisioterapia e injeções na palma da mão visando a recuperação. Venceu!

Voltou ao piano com muitas dores e muita paixão, e rapidamente estava de volta também às melhores salas de concerto do planeta. E tinha novamente o mundo aos seus pés (ou às suas mãos!)

Mas novamente no auge, novo teste, novo desastre, novo acidente, nova adversidade: um violento assalto na Bulgária, graves agressões. Agora as conseqüências foram maiores. Os movimentos de ambas as mãos foram afetados.

Para qualquer pessoa, o fim. Mas ele, movido pela paixão e pela força, voltou às salas cirúrgicas e à fisioterapia. Voltou aos poucos ao seu objeto de amor, o piano. Novamente se superava, e com sua superação, afetava o mundo.

Em 2002, no entanto, foi vencido. As seqüelas se tornaram irreversíveis, não havia mais os movimentos dos dedos, e uma paralisia definitiva dominou suas duas mãos. O destino estava consumado: era o fim do pianista, o fim de uma paixão, o fim de um espetáculo. Perdia ele, perdia o mundo.

Afastou-se do piano. Mas havia uma grande paixão ainda pela música, a quem ele não abandonou, e reciprocamente, por quem nunca foi abandonado. Não podendo mais utilizar os dedos das mãos para tão rica e lindamente encantar o mundo com o dedilhar no piano, resolveu, após muito tratamento, muito trabalho e muito esforço, estudar regência, já aos 63 anos de idade.

Dois anos após, aos 65 anos, regia a Orquestra Inglesa de Câmara, em Londres. E após, num concerto realizado em São Paulo, volta a surpreender o mundo quando regeu a Nona Sinfonia de Beethoven. Detalhe: de cor. Devido à ausência dos movimentos dos dedos, ela não podia virar as páginas da partitura, portanto, teve que decorar todas as notas da sinfonia.

Por incrível que possa parecer, o mundo estava novamente às suas mãos. Foi entusiasticamente aplaudido por vários minutos.

O espetáculo ainda não estava terminado. O maestro manda subir um piano pelo elevador do palco, e com apenas três dedos, os únicos dos quais consegue tirar algum mínimo movimento, encanta o público tocando uma peça de Bach: A Ária da Quarta Corda, uma peça escrita originalmente para violino que usa apenas a corda Sol para sua execução, numa bela melodia. O Maestro executou com apenas três dedos. Certamente não foi sua intenção, mas a platéia presente mostrava um sentimento de enorme pequenez frente à grandeza de João Carlos Martins.

Adversidades? Sim, para muitos. Não para Martins. Para ele, somente degraus a serem superados, caminhos a serem percorridos, experiências a serem aprendidas.

Deixo agora cada leitor ao seu próprio juízo para pensar em sua própria vida e decidir se deseja usar as adversidades como degraus da vida para sentar e chorar, ou para subi-los, fazendo de cada um o desafio necessário ao crescimento e amadurecimento.

Adversidade: você pode vencê-la com humildade e resiliência. Sucesso e paz a todos.

Roberte Metring

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Sucesso e paz.
Varekai (onde quer que seja)
Roberte Metring – CRP 03/12745

Não me peça explicações, não as tenho. Eu simplesmente aconteço.
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