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Gripe A: os galos cantam de Curitiba

Gripe A: os galos cantam de Curitiba

Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos.”

Esse poema de João Cabral de Melo Neto (que pode parecer incompleto em seus pequenos trechos, mas foi assim escrito pelo poeta) bem retrata o poder da transferência do grito do galo. Onde quero chegar?

Sou Curitibano, e tenho residência em Curitiba, embora passe a maior parte do meu tempo em qualquer outro lugar do Brasil. Tenho acompanhado as informações, as vezes catastróficas, outras somente distorcidas, que fazem com que as pessoas, de qualquer outro lugar, estejam visualizando Curitiba como o portal do inferno em relação à gripe A.

Já escutei todo tipo de absurdos, como a presença de carros de som pela cidade fazendo chamadas para que as pessoas abram os vidros dos ônibus, e coisas do tipo, pânico em shopping centers, necessidade de estoque de alimentos e outros porque a cidade vai entrar em estado de sítio, etc…

Não bastasse isso, tenho recebido vários emails, destinados a várias pessoas, inclusive a mim, falando desses absurdos, e de tantos outros. Vários galos estão gritando, e no desespero, nenhum está realmente se perguntando porque está gritando, nem o que está gritando.

A situação é grave, sim, mas como já disse em outra publicação, vamos ter cuidados, porém o pânico não é necessário.

O jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, na página 7 do primeiro caderno deste dia 10/08/09, traz informação em que dados do Ministério da Saúde apontam que 95% das pessoas que contraem a gripe ficam curadas, e que a gripe vai embora assim como chegou. Os outros 5%, de alguma maneira fazem parte de algum grupo de risco.

No mesmo caderno, outra reportagem onde Matheos Chomatas, diretor do Sistema de Urgências e Emergências da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba afirma que somente pelos sintomas clínicos não há como saber por qual virus a pessoa gripada está contaminada, mas que é grande a possibilidade da pessoa gripada estar contaminada pelo H1N1 mais do que pelo influenza sazonal, mas, que é importante saber que apenas 1% dos contaminados pelo H1N1 tem complicações maiores, e que desses, somente 1/3 exigem cuidados maiores, como internação.

No entanto, apesar disso, continuamos escutando barbaridades, tais como, a cidade vai parar, o Estado vai parar, tudo vai parar, numa verdadeira visão dantesca e apocalíptica.

Alceu Fontana Pacheco, presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia concorda que a gripe A é coisa séria, que dela existem casos graves, leves e moderados, mas que muitas pessoas acometidas nem mesmo percebem que estiveram gripadas.

Os números passam a ser alarmantes quando não são comparados, já que números são frios. Claro que com o número de 195 mortes no pais, analisados somente os 195, é caso severo, porém, tem muito mais crianças morrendo por desnutrição e não tem ninguém falando nisso. Um número maior ainda de pessoas morrendo de problemas cardíacos, e não se fala nisso, e assim por diante.

Enquanto muita gente ainda espera por atendimentos rotineiros nas filas dos hospitais e clínicas públicas, o H1N1 já conseguiu mobilizar uma previsão de montante em torno R$ 19 milhões do Governo do Estado do Paraná, e a Secretaria Municipal de Saúde já informou que a ordem é não economizar, e gastar o que for necessário para que a população seja atendida (e a prevenção?). Outros gastos também estão aumentando proporcionalmente, como por exemplo, o consumo mensal de 360.000 máscaras (contra 35.000 anteriormente), 8,7 mil aventais (contra 200 unidades antes da gripe A), e tantas outras verbas em que o vírus H1N1 conseguiu atingir as contas públicas. Também são casos a serem pensados.

Portanto, desejo que as pessoas possam pensar melhor sobre a paranóia generalizada que se criou, e sobre o pandônio decorrente dela.

Ressaltando as informações da Dra. Khátia Ribas (CRM 9449), 70 milhões de brasileiros devem ter feito contato como vírus H1N1 até o final do mês de Setembro, como muitos já o fizeram até agora, sem que, no entanto, precisem apresentar os sintomas, ou morrer.

O sistema imunológico ainda é o fator precipitante mais forte: quanto menor a capacidade imunológica do organismo, maiores as chances de adoecimento pelo virus H1N1, e tantos outros que andam soltos por ai, em nosso meio.

Já que vamos fazer papel de galos, vamos pelo menos saber o que gritamos, e porque gritamos.

Roberte Metring

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Sucesso e paz.
Varekai (onde quer que seja)
Roberte Metring – CRP 03/12745

Não me peça explicações, não as tenho. Eu simplesmente aconteço.
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